Pular para o conteúdo principal

Mãos De Cavalo - Daniel Galera

      Há algum tempo eu estava protelando a leitura deste livro. Já tinha lido diversos elogios a ele, mas toda vez que olhava a capa, algo me desanimava. Eu e minha mania por capas chamativas... De todo modo, resolvi cair matando na obra, e não me arrependi: muito bom! 


      Esse não é o tipo de livro que conquista o leitor já de cara. O autor não facilita essa entrada em seu universo. Mas depois do terceiro capítulo, é difícil não se envolver na história.
     A trama principal acontece em pouco mais de duas horas. Nela, Hermano, cirurgião plástico com 30 anos de idade, sai de casa para buscar seu melhor amigo e partirem para uma expedição na Bolívia, para escalar uma montanha inóspita. No caminho, ele recorda de duas épocas da sua vida: com dez anos, correndo de bicicleta pelas ruas do bairro onde morava; e com quinze, vivendo experiências que vão marcá-lo para sempre. Boa parte da narrativa é no passado. O personagem principal se lembra de quando conheceu a esposa, quando sua filha nasceu, os preparativos para a expedição, e principalmente de quinze anos antes: suas amizades, iniciação sexual, atos de coragem e covardia. 
    O modo como a história se desenvolve é muito interessante e, mesmo com parágrafos muito longos, prende bastante o leitor. Só achei que num mergulho tão intenso e profundo na personalidade de alguém, seria melhor a narrativa em primeira pessoa. 
    Daniel Galera é um dos talentos da nova geração da literatura brasileira, que por sinal, não é tão novo assim. Ele já lançou quatro livros, o seu segundo, "Até O Dia Em Que O Cão Morreu" virou o filme "Cão Sem Dono", de Beto Brant; e o quarto, "Cordilheira", recebeu vários prêmios. "Mãos de Cavalo" é seu terceiro livro lançado. Vale conferir, ele escreve muito bem!
       
Daniela Galera

Comentários

Mica disse…
Ele também escreveu Cachalote com o Rafael Coutinho, são várias histórias que formam uma só história em quadrinhos. Te falei dela, tenho ela lá em casa. Depois fazemos a troca, sim? Fiquei com muita vontade de ler.

Postagens mais visitadas deste blog

Let's Get Lost - Chet Baker

      Chet Baker foi um dos maiores músicos de jazz da história. Cantor e trompetista fenomenal, menos virtuoso e muito mais cool que boa parte dos jazzístas da época. Ele transbordava sensibilidade e musicalidade em sua obra. E esse documentário maravilhoso faz jus a seu imenso talento.        Todo em preto e branco, com belíssimas imagens, o filme é mais poético que documental. Ele traça toda a turbulenta história de Chet de forma não linear, não se preocupando de início em contar a vida dele, mas em seduzir o espectador com sua música e seu charme.        Os depoimentos são intercalados por cenas de Chet cercado de mulheres e admiradores (entre eles um Flea garotão), e a bordo de um Cadillac conversível, além de muitas imagens dele jovem. As partes mais duras do histórico do jazzista são deixadas para o final: suas prisões, o vício em heroína, o incidente que o fez perder vários dentes e o abandono da ex-mulher e seus quatro filhos.        Mas o diretor não busca levantar a verda

Jackson Pollock - A História (De Mentira)

      Jackson Pollock foi um pintor norte-americano expressionista abstrato. Inovador, ele não usava pincéis ou cavalete. Sua técnica consistia em gotejar ou espalhar a tinta sobre a tela com diversos instrumentos, estando ela no chão. Esta forma de pintura se chama action painting ou gestualismo.       As obras dele são densas, cheias de nuances. Nunca vi um quadro dele pessoalmente, mas em foto, o efeito das camadas de tinta é de uma textura rica, com profundidade. Adoro arte abstrata! Minha mãe é artista plástica e eu gostaria muito de ter herdado esse talento dela.       Abaixo, algumas telas de Pollock:         No excelente site sobre arte, mídias e tendências: updateordie.com , vi esta bela animação francesa de Léo Verrier. Uma homenagem em curta-metragem a esse grande artista, Jackson Pollock. Deslumbrante! Dripped from ChezEddy on Vimeo .

Mallu Magalhães - Pitanga

      Mallu Magalhães cresceu e amadureceu, e não apenas fisicamente como pode se perceber na foto. Sua música evoluiu bastante, com claras influências de seu namorado, Marcelo Camelo. E seu último disco, "Pitanga", é delicioso.       Depois de surgir aos 15 anos como um novíssimo talento da música, e toda super-exposição que veio a seguir, Mallu lançou dois bons discos homônimos. Mas ambos álbuns são baseados em seu estilo voz e violão, com poucas variações, principalmente no segundo, onde ensaia algumas mudanças.       Neste seu terceiro disco, "Pitanga", Mallu mostra todo seu potencial como cantora e compositora. Destaque para as deliciosas "Baby I'm Sure", "Velha e Louca" e "Sambinha Bom".       Seguem alguns clipes dessas músicas e um belo teaser do álbum "Pitanga" feito por Camelo, exaltando sua musa.